quarta-feira, 25 de outubro de 2017

5 meses de Canadá

Pois é, mes amis..

É estranho pra mim pensar que o filho caçula que sempre morou com os pais numa cidade de 220.000 habitantes saiu de casa pra morar em outro país, país este que não fala português (not even close), sem nenhuma referência dos desenhos que eu via na infância, sem referências aos programas de TV que podemos fazer uma piadinha aqui ou ali.

As vezes é um pouco frustante quando você está numa roda de conversa com pessoas que não são brasileiras, você entende o que elas falam mas você não consegue encaixar sua opinião ou se expressar porque suas referências fazem com que o assunto não faça nenhum sentido pra você, ou quando eles contam uma piada que pra mim é super sem graça, e você, pra ficar menos sem graça, dá um sorrisinho amarelo pra "socializar"...

Mas quando todas essas inquietudes passam pela minha cabeça e em meu coração eu paro e penso: eu mudei de país, seria ilógico se absolutamente NADA do Brasil não me fizesse falta (não tô falando da família e amigos, porque isso SEMPRE vai fazer falta).
É a mesma coisa quando alguém me fala: "nossa, Tiago, eu tô com tanta saudade de você..." A cada vez que eu leio ou escuto essa frase, eu comemoro por dentro, meu coração se enche de alegria e de um "dever cumprido" que ninguém imagina, pois a gente só sente saudade do que foi bom na nossa vida e isso me faz ver que estive no caminho certo e que apenas estou dando continuidade aos ensinamentos sábios que meus pais, com muita sabedoria, me passaram e passam até hoje.

Depois de exatos 5 meses que estou aqui, 5 meses que eu chego em casa e não tem ninguém pra conversar ou simplesmente pra ter uma companhia, 5 meses lutando diariamente pra compreender e ser compreendido, 5 meses convivendo com a saudade do meu povo, me passa a sensação de que nesses 5 meses eu fiz coisas equivalentes a 2 anos de Brasil. É tanta coisa nova, tanta coisa à aprender, absorver e compartilhar que a vida aqui passa rápido, mais rápido que a gente imagina.

Sinto falta dos amigos? Sinto;
Sinto falta da família? Sinto;
Sinto falta de ouvir português o dia todo? Sinto;
Sinto falta dos meus cachorros? Sinto;
Sinto falta da facilidade de comer comida brasileira em qrandes quantidades? Sinto;
Sinto falta da vibe do Brasil quando estamos em uma balada ou em uma festinha? Sinto;
Sinto falta da minha moto? Sinto;
Sinto falta de tomar cerveja litrão por R$5,00? Sinto;
Sinto falta do amor que ficou pra trás? Sinto;
Sinto falta de ir na casa de alguém sem aviso prévio? Sinto;
Sinto falta de entrar nas casas sem ter que tirar os sapatos? Sinto;

mas a gente só tem que saber dentro do nosso íntimo mais íntimo separar "saudade" da "vontade de voltar" pro Brasil. E nesse post, não houve nada sobre voltar ao Brasil...

À bientôt...

domingo, 8 de outubro de 2017

Trabalhar em francês

Bom, mes amis..
Vamos falar de trabalho? Vamos falar de trabalho...

Como eu havia comentado em outro post, estou trabalhando aqui e as primeiras impressões são as melhores até agora, única coisa que assusta um pouco é o francês mesmo, pois no meu trampo eu utilizo o francês 90% do meu tempo e "pegar" o sotaque dos quebecas as vezes é um pouco chatinho, mas irei sobreviver (assim espero).

Pra entrar na empresa, eu fiz 2 entrevistas pessoalmente e uma "meia entrevista" por telefone, que foi mais um bate papo mesmo. O que achei interessante nesse meu processo de seleção foi que: na entrevista com o meu gerente, ele nao me fez NENHUMA pergunta técnica, porque segundo ele, minha parte técnica já está no meu currículo, por isso que foi apenas perguntas do tipo "Como você se imagina daqui 5 anos", "Qual o maior desafio que você já enfrentou", esse tipo de coisa, pois segundo ele, ele queria saber como é a personalidade da pessoa que ele estava contratando e ver se daria um "match" na personaldade da equipe toda. :)
As duas entrevistas foram em francês e em alguns momentos eles falaram em inglês comigo.

Como eu entrei faz 1 semana, estou ainda em treinamento (serão 5 semanas) e se eu puder dar uma dica pra qualquer pessoa que ainda está no Brasil e vai trabalhar em uma empresa francofona e vai usar um computador seria: aprendam como dizer os nomes dos caracteres especiais do teclado em francês. Sério... Fora que o teclado é um pouco diferente do teclado em português. É uma dica boba, mas tá ai...

Trabalhar aqui está sendo como trabalhar no Brasil, só que em francês, o que torna as coisas um pouquinho mais difícil. No trabalho eu tenho apenas meia hora de almoço, mas pelo menos eu paro cedo.
Mas eu tô gostando muito, muitos desafios, muita coisa nova pra aprender. Foi pra isso que vim pra cá.

Bom, é isso, outono tá aqui com os dois pés no peito da gente e daqui uns dias a temperatura começa a ter um - na frente dos números. Vamos nos preparar pro primeiro inverno.

À bientôt...