sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sub-empregos: será que isso existe?


Não sei porque, mas hoje acordei pensando muito no mercado de trabalho no Canadá, acho que foi pela nova "modalidade" de aplicação que o governo canadense irá abrir a partir do dia 02/01/13, o Federal Skilled Trades Program,sei lá. Só sei que fiquei pensando em uma coisa que na época do falecido Orkut era muito comum de escutarmos, o tal de chegarmos ao Canadá e nos submeter ao sub-emprego.

Eu sei que cada pessoa tem uma opinião, cada cabeça é uma sentença, mas minha humilde opinião é a seguinte, se desculpe os que não concordam com ela: eu acho um ABSURDO GIGANTESCO usar essa expressão de subemprego, sério. É claro que eu que sou de T.I. pretendo chegar ao Canadá e conseguir um emprego na minha área, mesmo que seja de Help Desk, mas peraí, e se eu conseguir um emprego de garçom, isso me torna menos bom do que os que conseguiram uma posição em sua antiga profissão no Brasil? Será menos digno comigo mesmo se eu fizer isso? Um analista de sistema no Brasil trabalhar de garçom no Canadá? É isso mesmo produção?!!!
Pois bem, se formos pensar realmente ao pé da letra, o meu pai é eletricista desde que eu me entendo por gente, criou 3 filhos, uma esposa e vários cachorros, temos carro, moto e uma casa relativamente grande, olha que ele conseguiu tudo isso com um sub-emprego e aposto que meu pai ganha muito mais dinheiro do que graduados por aí....
Acho um absurdo esse tipo de expressão dada a alguma profissão que não necessita de uma diploma, pois ao meu ver, nós que temos uma graduação não somos melhores dos que não tiveram essa oportunidade.
A irmão de um colega de trabalho foi para o Canadá fazer um intercâmbio de 1 ano (trabalho e estudos) a alguns anos atrás. Segundo ele, ela gastou em torno de R$30.000,00 ao todo pra ficar lá-bas e ela tinha conseguido um emprego de garçonete. No período que ela ficou lá trabalhando, ela conseguiu repor toda a grana gasta com esse programa, pois segundo ela, algumas pessoas davam gorjetas de até $50,00 e isso ainda é considerado um sub-emprego por muitos aqui.
Nos grupos de imigração que eu participo no Facebook, graças a Deus não é comum vermos o pessoal usar essa expressão, mas aposto que tem muita gente que pensa assim, pois o orgulho muita das vezes fala mais auto.
Quando eu chegar no Canadá, não terei problema nenhum em conseguir um trabalho que não for na minha área de formação, pois tenho na minha cabeça que eu saindo do Brasil, estou dando um delete em praticamente tudo que já me ocorreu, pois estarei indo pra um lugar onde não conheço ninguém e quase não sei me comunicar com os nativos de lá. Por que me preocuparia em dar uma satisfação aos que ficaram no Brasil de que lá serei um profissional de sucesso? Se o emprego me permitir pagar as contas e ter uma vida igual a que tenho aqui no Brasil, com certeza terei atingido minha meta.
Eu sempre tive vontade de sair do Brasil, independente do país que fosse e já cogitei muitas vezes os Estados Unidos, pois tenho amigos de infância morando lá e tecnicamente seria mais fácil pra mim, até pelo idioma também, mas a coisa que me fez mudar de ideia não foi a questão de trabalho, pois não é tão comum um imigrante ilegal nos USA trabalhar em posições consideráveis e sim a questão de não poder voltar a chez moi com tranquilidade. Uma coisa que eu prezo muito é essa liberdade de ir e vir de outro país e se eu fosse aos Estados Unidos, com certeza isso não seria possível.

Então tá, deixo aqui minha opinião sobre essa questão que disse acima: se eu chegar no Canadá e conseguir um emprego de entregador de panfletos eu farei as seguintes perguntas pra mim mesmo: esse emprego paga minhas despesas mensais e sobra uma beiradinha pra tomar uma cerveja com amigos? Consigo praticar o idioma no dia a dia pra me tornar fluente com o tempo? Consigo começar a fazer minha experiência canadense com esse emprego? Então tá, que se foda-se T.I. por enquanto que vou aproveitar essa oportunidade que me foi dada, continuarei a buscar uma posição na minha area, mas até lá, sugarei ao máximo deste emprego, não menos digno que outros.

Desculpe pelo post consideravelmente grande e se feri a opinião de alguns, afinal, o blog é meu......

À bientôt mes amis....

14 comentários:

  1. O pensamento é esse. Eu tenho a mesma opinião. Chegando no Canadá, eu gostaria de trabalhar em pesquisa e desenvolvimento. Mas se conseguir um emprego de garçom, motorista ou o que for, ficarei extremamente feliz desde que pague minhas contas.
    Esse pseudo-orgulho deve ficar para trás no Brasil pois acredito que o objetivo da imigração é ser feliz !

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    1. E num é que o objetivo é mesmo ser feliz? Mas tem gente que infelizmente associa felicidade com status... Desolé

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  2. Compartilho da sua opinião. Minha profissão é regulamentada no Canada, então durante os anos que vou levar para conseguir exercê-la vou trabalhar com qualquer coisa que pague minhas contas, não vou ficar torrando minhas economias enquanto espero o emprego dos sonhos cair no meu colo.
    Abraço

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    1. Alaide, o caminho é esse mesmo. Tenho por mim que quem tem profissão regulamentada, pensa que existe sub-emprego e tem que se submeter a eles, mesmo que seja temporariamente, deve ficar frustado demais...
      Mas fazer o que. Eu não me frustaria de jeito nenhum afinal, estarei em um lugar melhor do que estou hoje...

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  3. Parabéns por se posicionar dessa forma. Certamente, terá o sucesso almejado se continuar assim.
    Não tenho abusões e, sinceramente, não só gostaria como vou procurar emprego nessa categoria.Eu quero e sempre quis conhecer as gentes de outra cultura. Sei ficar preso num escritório impossibilita isso. Quando me perguntam o que vou fazer no Canada, a resposta vem com um sorriso na boca: Quebrar pedra, ser lenhador, lixeiro, pedreiro, ajudante de pedreiro, seguran... não segurança não, quero algo pesado, que queime energia, relaxe minha mente, fira meu corpo, quebre meu orgulho adquerido em São Paulo, tire-me as lapas de coro das costas; mas que faça-me um homem melhor, um marido melhor, um pai melhor, um amigo melhor, um pensador melhor, um cidadão melhor e que, sobretudo, eu conheça a vida das gentes simples. Tenho certeza de que se isso acontecer comigo, serei muito feliz!
    Abraço,
    Fabio de Freitas

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    1. Fábio, com certeza com esse pensamento que você descreveu aqui, seu sucesso também será garantido.
      Tenho por mim que só o fato de chegarmos no Canadá, já é um sucesso e o que vier depois, será lucro.. Sem grandes preocupações, ilusões e rótulos, apenas a gente recomeçando algo que não ia dar muito certo aqui no Brasil...

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  4. Também concordo com você Tiago, excelente post. Prova que tem a cabeça no lugar e não coloca ilusões na cabeça, o primeiro emprego sempre é muito difícil, é só lembrar da época da faculdade quando se procura o primeiro estágio.
    Eu também penso em até mesmo fazer um curso técnico qualquer para facilitar minha entrada no mercado, nem que seja de eletricista, mecanica, bombeira... etc.
    O que importa é ser feliz, não tem que se preocupar com o que outras pessoas podem pensar da sua profissão, a essência permanece.

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    1. Paula, o chique é ser feliz, independente em qual profissão que nos realize, seja braçal ou intelectual.
      Também penso em continuar os estudos por lá e trabalhar em que me der uma renda que seja possível realizar meus sonhos, afinal, pra quem terei que dar satisfações sobre isso? Num é?!

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  5. Concordo que realmente é um imenso absurdo. E acho mais: O fator mais difícil para o brasileiro se adaptar aqui no Québec, nao é o frio, nao é o idioma...É exatamente a necessidade de entender um conceito dificil até de explicar: Aqui simplesmente NAO existe essa estória de sub-emprego. Até existe uns casos de empregos por baixo dos panos (isso é outra estória...), mas o conceito de que “todas as profissoes sao valorizadas” que nós brasileiros, oriundos de uma sociedade forjada na escravatura, nao conseguimos facilmente entender ou acreditar que exista.
    O motorista de ônibus da cidade que moro, com alguns anos de carreira, ganha em torno de 70% do que ganha um médico (é piada tentar fazer essa mesma comparaçao médico x motorista no BR...); Conheço vááárias pessoas que nao trocam emprego de garçom / garçonete por emprego engravatado nenhum. Muitas vezes ganham muito mais que os engravatados. Subir na vida para eles é mudar o nível do restaurante, onde aumenta o glamour no CV (a responsabilidade também aumenta!) e as gorjetas.
    O tirador de neve, o operador do caminhao do lixo, o que dirige o caminhao que lava as ruas...todos ganham bem. O pessoal do almoxerifado do meu trabalho tá lá a mais de 20 anos, bem da vida...
    Essas pessoas nao apenas ganham um salario como qualquer outro trabalhador, como nao enfrentam questionamentos e olhares de gente que se sente superior em seu status.
    O que faz a pessoa ganhar mais ou menos é o tempo de experiência que acumula naquela especialidade.
    Todos os empregos sao apenas empregos. Claro que deve ter sempre aquele espírito de porco que se acha, mas nao é o consenso geral. Acho que vários fatores contibuem para essa forma diferente de pensar, uma é a origem da sociedade, e outra é que aqui sempre faltou mao de obra, entao se tem alguém para dirigir o ônibus e tirar a neve, esse cara é um herói...E acho que é exatamente o fato das pessoas verem as profissoes de maneira mais ou menos igual que faz com que nao haja tanta disparidade entre os salários e que haja muito mais igualdade social.
    Aquele brasileiro que chega aqui e que mesmo com o passar do tempo nao vira a chave para pensar e enxergar o mercado e a estrutura social como ela é aqui, tem grandes chances de se decepcionar e se frustrar (e voltar pro BR excomungando o Canadá...).
    Entretanto acho perfeitamente natural e saudável quando o brasileiro quer trabalhar na mesma profissao que tinha no Brasil porque é o que gosta e sabe fazer.
    Mas precisa saber que a valorizaçao so vem com a experiencia e que antes disso, poderá ter que fazer trabalhos que nao se identifique tanto para pagar as contas. É o ônus do bônus.

    Abraços
    Lapin-Mère
    www.leslapins.wordpress.com
    (tô tentando logar, mas tá mostrando que vai aparecer como anônimo, tenho pavor de anônimo, rsrs...)

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    1. Gostei demais do seu comentário, bem poético por sinal, mas é a pura realidade, pelo menos do nosso país. O insucesso de uma pessoa, ao meu ver, é uma barreira imposta pelo seu próprio EGO e não pela posição social que ele se encontra. Tenho certeza que isso não será um grande problema pra mim, afinal, já estou fazendo o backup de minha vida pra poder começar a fazer a formatação, e como toda formatação, temos que instalar tudo de novo.É o que pretendo fazer...

      (seu comentário não apareceu como anônimo não, vai entender essa tal de tecnologia...)

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  6. O "poblema" é a pressão interna. Este perfeccionismo entrincheirado que só aparece quando começamos a atuar em um papel totalmente diferente da nossa identidade até então. Desidentificar-se é uma estrada que pode levar a uma sabedoria bem legal, ou a um inferno pessoal. Que foi meu caso.
    Saudações e boa sorte.
    Eduardo.

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    1. É mais ou menos isso Edu, a pressão interna deve ser grande mesmo, mas o segredo é irmos de cabeça aberta.

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